Iazana Guizzo
Letícia Castilhos Coelho
Dia(s): Segundas-feiras e quartas-feiras
Horário: 13:30h às 17:30h
Turmas: 1
Dep.: DPA
Tipo: Ateliê Avançado
Nome da Disciplina
(Cadastro SIGA): AT. AV. ARQUIT. TECIDO RECONFIG
Código: FAP513
Nome da Disciplina (Cadastro SIGA): Ateliê Avançado Integrado
Código FAW: inscrição será feita pela Coordenação após a 2a CRID.
“O mundo como floresta fecunda, transbordante de vida, a terra como um ser que tem coração e respira, não como um depósito de recursos escassos ocultos nas profundezas de um subsolo tóxico” como dizem os Yanomamis; um lugar para morar, como Kikré, buraco do fogo, casa ou lugar de pintar corpos em metamorfose, como habitam os Kaypós; a casa como céu, Cosmo, como fazem os Tukano e Tuyuka no rio Tiquiê, na Amazônia; ou as cidades amazônicas, recentemente descobertas por arqueólogos – como Ricardo Neves – são todas essas pistas de um devir floresta-cidade. Mas nosso imaginário de casa e cidade, formatado com modelos pouco aderentes ao território, poderia ser ampliado ou subvertido?
A metodologia participativa, corporal e afetiva, praticada nos ateliês, laboratórios e disciplinas obrigatórias vinculadas ao projeto de extensão, ensino e pesquisa Floresta Cidade, permite ativar um corpobioma. Um corpo necessariamente ecológico no que diz respeito às relações que vinculam os seres vivos em seu hábitat. Estimula-se uma sensibilidade de conexão com a Terra e suas múltiplas formas de vida, buscando desenvolver habilidades para um projeto com o outro, humano ou não.
Há cinco anos, o Floresta Cidade trabalha ativamente com a Região Portuária do Rio de Janeiro, desenvolvendo um projeto participativo de adaptação e mitigação climática. Esta edição do ateliê avançado tem o objetivo de reavaliar o que vem sendo desenvolvido ao longo desses anos, problematizar os atuais lançamentos imobiliários na região e buscar novas pistas de projeto a partir de um mergulho aprofundado na perspectiva indígena. Em diálogo com o projeto Cartografias do Errar (Cadê), a proposta se articula, quanto aos processos de aproximação e ação no território, através de abordagens teórico-metodológicas situadas e incorporadas que acionam a prática cartográfica, a dimensão do corpo e estados errantes como procedimentos de ação crítica, poética e política; pensando o projeto como mediador de ações coletivas frente às urgências contemporâneas. Para, assim, continuar desenvolvendo ensaios de outros imaginários de futuro desde práticas do presente no território afim de apontar caminhos para as cidades brasileiras diante da crise climática.
BENUCCI, Thiago Magri. “Casaaldeia” / “Viver junto”. In: O jeito yanomami de pendurar redes. 2020. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, caps. 5/6, p. 113-204. CLASTRES, Pierre. “A sociedade contra o Estado”. In: A sociedade contra o Estado – pesquisas de antropologia polí9ca. São Paulo: Cosac Naify, 2003 [1974], cap. 11. COSTA, Maria Heloísa Fénelon; MALHANO, Hamilton Botelho. “Habitação indígena brasileira”. In: RIBEIRO, Darcy (ed.). Suma etnológica brasileira: Tecnologia Indígena (vol.2). Rio de Janeiro: Vozes, 1986. GUIZZO, Iazana. Reativar Territórios: o corpo e o afeto na questão do projeto participativo. Belo Horizonte: Quintal Edições, 2019. KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. “Casas de espíritos“. In: A queda do céu: palavras de um pajé yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 [2010], cap. 6, p. 156-173.
